segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pet nega aposentadoria e diz que Grêmio não fará corpo mole

(reprodução terra.com.br)

(Gustavo Tilio/Futura Press)

Dejan Petkovic, meio brasileiro e meio sérvio, figura entre os dez mais elegantes da revista VIP

Nesta segunda-feira, 30, o meia flamenguista Dejan Petkovic tinha a agenda cheia na capital paulista. Pela manhã, entrevistas na ESPN. Antes do almoço, uma passada rápida no seu alfaiate. À tarde, voa de volta para o Rio de Janeiro.

Saiu de casa com tudo programado. Foi de camisa listrada, vermelha e branca, mas, antes das entrevistas, trocou por uma branca e azul. "Combina com a cor dos olhos", conta seu irmão mais velho, o ex-jogador de futebol Boban. Pet, como é chamado, figura entre os 10 mais elegantes da revista VIP e a Terra Magazine concede uma entrevista no trajeto que separa a zona oeste do centro da cidade, onde ele iria escolher os tecidos do seu próximo modelo.

Vaidoso, sim. "Mas não demoro para me arrumar", diz enquanto olha para seus dois celulares tocando ao mesmo tempo. "É sempre assim, viu?", brinca. Pet fala baixo e olha nos olhos, chama o motorista de "motoca". Adora pizza. Prova disto é a pizzaria que mantém na cidade do seu coração: Rio de Janeiro.

No próximo domingo, o Flamengo enfrenta o Grêmio; última etapa pelo Campeonato Brasileiro de 2009. Pet, apelidado aos 14 anos de Rambo, está confiante no seu trabalho junto à equipe e diz que não importa o que o Grêmio decida fazer, em relação ao rival Internacional - em segundo lugar na tabela - "o Flamengo vai entrar para jogar, para dar o melhor de si e mostrar todo o trabalho que fizemos nesses últimos tempos".

Já na loja onde faz suas roupas há três anos "e meio", enfatiza, ele brinca com todos. Um dos atendentes, corintiano, diz: "Vocês nos devem esse título!"

Para o meia, o Corinthians não favoreceu o clube carioca. Como prova disto mostra sua canela machucada: "Viu, eles brigaram mesmo, entraram com tudo. A nossa sorte é que eles estavam sem alguns jogadores."

"Ele é exigente com cores, corte do terno. Ele escolhe tudo, mas não é dos mais chatos", brinca o atendente.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Terra Magazine - Este pode ser o seu primeiro título no Brasileirão. Você disse uma vez que seria um bom título para encerrar a carreira. Pensa em parar? Pretende jogar a Libertadores?
Dejan Petkovic -
Sim, é verdade, este pode ser o meu primeiro Brasileirão, que é um título muito importante na minha carreira. Tive, já, vários outros e, na verdade, o meu maior título foi colocar meus pés na calçada da fama do Maracanã. Esse título foi muito importante. Mas não pretendo parar de jogar depois disso. Não pretendo, não. Espero que eu consiga continuar jogando, temos Libertadores no ano que vem, trabalhamos muito para conquistar isso e, inicialmente, era o que queríamos. Eu quero jogar, sim. Agora, estamos em condição de brigar pelo título e é o que estamos fazendo.

Os críticos do campeonato de pontos corridos reclamavam de falta de emoção, mas agora, nesse Brasileirão, emoção é o que não falta, né?
Com certeza, emoção pra cima e para baixo.

Como assim?
Tanto os que disputam o título têm chances, quanto os que estão perto da zona de rebaixamento. Tudo pode acontecer. É muito emocionante e não é injusto, como é no mata-mata. No modelo antigo, se um clube era muito mais forte, a gente já sabia desde o começo quem iria ganhar e, num determinado ponto do campeonato, já estava tudo decidido. Agora já não é bem assim.

Torcedores e integrantes do clube gaúcho, Grêmio, que vocês enfrentam no domingo falaram em tirar o pé do acelerador contra o Flamengo para não beneficiar o Internacional. O que você acha disso?
Hum... na verdade, não me importo com o que dizem, me importo com o que nós vamos fazer nesse domingo. Vamos jogar com tudo o que sabemos, com tudo o que conquistamos ao longo desse campeonato. O Grêmio é uma equipe séria, não acredito que eles fariam isso, é um clube campeão mundial, brasileiro, eles não precisam fazer isso. Mas o que importa mesmo é o que nós faremos.

O Flamengo cresceu no segundo turno...
Sim, e como, eu cheguei, Adriano... A equipe está muito unida, trabalhando muito bem junta, está ficando sólida, sabe? É como uma rede de nós. Se está tudo bem amarradinho, não desata. É assim que estamos, as pessoas estão desempenhando bem os seus papéis.

E qual o seu papel nessa equipe?
O meu papel é trazer a minha experiência. Tenho 37 anos, joguei em vários clubes e gosto muito de jogar no Flamengo, tenho coisas a passar e hoje sou 110% profissional, posso colaborar muito com o clube e justamente por isso que voltei. Para amadurecer a equipe que estava se formando, se consolidando.

Os jogadores foram recebidos com muita festa. A torcida está muito confiante. É perigoso comemorar essa vitória tendo em vista que "tudo pode acontecer"...
Não acredito que estejamos cantando vitória antes. Estamos bem realistas. Queremos fazer o nosso trabalho, acreditamos, a esperança da torcida, é claro, que reacendeu. Para quem queria apenas a Libertadores, disputar o título é trazer esperança. Mas é normal, a torcida vai comemorar sempre. Comemoraram domingo passado e, se Deus quiser, vão comemorar esse domingo também.

Qual é o peso da mídia flamenguista?
O Flamengo surpreendeu. Fez um primeiro turno insatisfatório para almejar a disputa de título. É claro que as atenções vão se voltar mais para o clube nessa reta final.

Seu predileto é o Adriano, seu exemplo, o Zico. O que acha de ser comparado ao Zico e como é jogar com o Adriano?
Ser comparado ao Zico é uma honra. O melhor elogio que recebi na minha vida foi dele. Lembro que quando eu cheguei, já sabia que jogaria com a camisa dele, eu sempre fui fã dele. Mas fiquei assustado com a adoração que as pessoas têm por ele. Isso me deixou com medo de não fazer jus ao que aquela camisa representava para o Flamengo. Um belo dia, encontrei com Zico e ele me disse que eu merecia estar ali e estava fazendo muito bem. Isso foi a maior honra, nossa...

E o Adriano?
Para mim, o Adriano é o melhor do Brasil hoje. Ele está disputando a artilharia e é muito bom jogar com ele. Ele superou seus problemas pessoais e conseguiu casar sua vida ao Flamengo, por isso cresceu tanto. O time todo é muito bom, está crescendo muito e me deixa muito feliz saber que estamos próximos do título e conquistamos a Libertadores.

Quando você foi contratado pelo Flamengo, muitas pessoas criticaram o clube. Você falou muito pouco sobre isso. Você treinava mais do que os demais para retomar o preparo físico?
Quando o Flamengo me chamou, muitos criticaram, não acreditaram. Foi uma negociação muito difícil. Eu queria voltar e sabia que poderia ajudar o clube que não tinha jogador na minha posição, como ainda não tem. Tanto que, se eu não jogo, tem que remanejar o time. E eu não posso jogar sempre, né? Já tenho 37. (Risos). Mas é verdade, eu sabia que teria que fazer por merecer e treinei muito para recuperar a forma. Mas era o que eu queria, ajudar o Flamengo, ajudar a folha de pagamentos do clube, ajudar o clube a terminar bem o ano.

Você recebe menos do que deveria receber...
Sim, é verdade, mas não me importo. Gosto de estar aqui, gosto da torcida e preciso mostrar que mereço estar aqui e o quanto eu quero que o clube vá para frente.

Você recebeu o título de cidadão do Estado do Rio de Janeiro...
Ah, sim, foi o maior orgulho. Na verdade eu recebi em 2001, mas só me entregaram agora. Várias pessoas, entre elas deputados que me escolheram para a titulação, reconhecem o que fiz pelos clubes cariocas, tenho muito carinho pela torcida, respeito por ela e pelos clubes. Na Copa, você é mais brasileiro ou mais sérvio?
Na Copa... bom, eu sou sérvio, gosto muito do meu país. Torço para a Sérvia, para o Brasil, para a Itália, minha primeira filha nasceu lá, e Espanha. Ou seja, estou sempre feliz, de um jeito ou de outro, estarei feliz.

Pretende voltar para a Sérvia?
Eu vou para lá todas as minhas férias. Mas voltar agora, não penso. Quero esperar as minhas filhas terminarem a escola. Quando elas forem para a faculdade, o mais provável é que vamos para fora.

Qual técnico brasileiro você mais admira?
Olha, eu sempre admirei os técnicos europeus e sempre achei os técnicos brasileiros todos muito semelhantes. Mas acredito que o Ricardo Gomes possui um diferencial muito importante. Ele é um técnico brasileiro que tem características de europeu. Acho que esse toque é fundamental e justifica o bom trabalho que ele está fazendo e que fez ao longo de sua carreira. Mas Andrade está mostrando um ótimo trabalho, recebeu uma chance e está provando que é bom técnico, tanto quanto foi bom jogador.

Mudando de assunto, completamente, para falar a verdade. Você tem uma pizzaria? Isso é verdade? O que aconteceu com ela?
É, tenho sim, tenho uma pizzaria no Rio, tive uma maior, mas agora tenho só essa pequena. Gosto muito de pizza e tenho muitos amigos italianos. Por isso, tenho (risos).

Você está entre os 10 mais elegantes da revista VIP. Demora demais para escolher a sua roupa?
(Risos) Viu só?! Mas eu não demoro, não, até que sou rápido para me arrumar.

Você jogou na seleção do seu país?
Não e acho que não jogarei mais. Tenho que ser realista. Se não joguei até agora, não será aos 37 anos que jogarei. Mas eu adoro ir às Copas e na próxima eu vou, como torcedor, mas vou. (NR: Petkovic jogou pela seleção da Iugoslávia até 1998, mas nunca defendeu a Sérvia, que resultou da fragmentação da antiga república)

Quando fica pronto o documentário que o seu irmão está fazendo sobre a sua vida?
Ih... você sabe como são cineastas, né? Dizem que no meio do ano que vem. Espero que saia antes da Copa - O irmão, Boban, ex-jogador, interrompe a entrevista - "O melhor, nós já temos, a personagem principal. Nós somos uma família peculiar".

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